ZAC POSEN E AS MULHERES MODERNAS

A volta da feminilidade fashion é um assunto recorrente aqui no blog e uma questão importante para se analisar em meio à tantas convicções e status de uma mulher moderna. Avançados os anos e firmadas hoje como sinônimos igualitários aos homens, de independência, força e atitude, as mulheres deixaram alguns itens e características do vestuário feminino para trás, lutando contra uma época que tinha uma estética opressora. Os espartilhos aprisionavam as mulheres dentro de figuras idealizadas pela sociedade como corretas. As grades da moda na época eram mais firmes e indestrutíveis, todas as mulheres - de variados aspectos financeiros - usavam as amarras estruturais para afinar a silhueta. Toda essa influência da moda trazida ao Brasil através da figura da sociedade europeia, se manteve firme por algum tempo e evoluiu junto com a luta da mulher por direito e liberdade [Leia mais aqui, na matéria sobre o figurino de "Lado a Lado" a nova novela das seis, que retrata exatamente esse período.], quando então mais a frente, elas queimaram sutiãs, espartilhos e amarras. Daí em diante elas ditaram, misturaram e inventaram moda no país, - também houve  uma evolução paralela em outros países em relação a moda feminina - adaptando ou se inspirando no armário masculino para criar peças mais confortáveis e úteis para o dia-dia dessa mulher moderna. Salvem as minissaias, a calça cigarrete, o jeans, o tailleur, salve a liberdade. Criou-se então um ideal de nova mulher, e parte dessa formação custou à moda algumas perdas. Por conta da nova cabeça dessa mulher, do orgulho dela, da força e das convicções que ser mulherzinha é absurdamente ultrapassado, aboliram o vestido de bolinhas, a saia rodada, o laço, a flor (sinônimo de estampa da vovó), e tudo mais que lembrasse à alguém, principalmente aos homens, que novamente aquela mulher submissa, do lar, obediente e delicada havia retornado. O grande erro aconteceu ai. E é lógico que naturalmente as pessoas associam a imagem de um vestido florido à uma mulher mais meiga e consequentemente toda aquela história machista da mulher prisioneira vem a tona. A imagem é tudo e a moda é a imagem. Como desvencilhar o ideal machista da mulher no fogão, da imagem de uma mulher mais feminina na moda (por direito)? Esse resgate vem acontecendo recentemente e é notável que alguns itens desse passado negro estão de volta e fazendo muito sucesso. Uma mulher hoje tem seus direitos e total consciência do seu poder conquistados e tem seu lugar de destaque na sociedade, e por essa segurança ela se permita ser mais feminina. Elas querem usar batom vermelho de novo, vestidos rodados, laçarotes na cabeça, acessórios e muito brilho. Elas conquistaram recentemente o direito de serem femininas. Sem culpa.
A moda percebeu esse interesse afoito por peças mais femininas e a poucas estações atrás as semanas de moda revivem épocas em novas peças atuais e para mulheres independentes e ao mesmo tempo femininas e românticas. Essa semana está acontecendo a semana de moda em Nova York, um termômetro e aquecedor das tendências das épocas futuras, e entre marcas como Carolina Herrera, Vera Wang e Oscar de la Renta, que desfilaram lindas coleções para a primavera 2013, estão os estonteantes looks de Zac Posen. Para sua nova coleção o estilista resgatou alguns elementos do armário das mulheres dos anos 40 e 50. A silhueta justa, mostrando bem as curvas, o comprimento ajustado acima do joelho, o peplum (volume na altura do quadril), óculos gatinho e muita estampas florais. Os cocktail dresses são um marco da cultura americana e contém essas nuanças do corpo da mulher, consegue ser sensual sem mostrar demais, é discreto com decote alto e é o exemplo perfeito de uma peça coringa que serve tanto para o trabalho quanto para uma ocasião mais especial. Posen evocou a silhueta de sereia em seus vestidos de gala, justo no corpo e soltos na altura do joelho, usados muito na antiga Hollywood por musas do cinema. Ele se preocupou em definir melhor a escultura feminina e usou técnicas de dobraduras, pences e recortes no top, na cintura e no decote de algumas peças. Um resumo dessa necessidade feminina de se permitir se mostrar mais delicada e romântica na maneira de se vestir. Como já dito antes, outros estilistas também apostaram nessa proposta pois talvez perceberam essa necessidade assim como Zac, e entregaram nas passarelas de Nova York o perfil da mulher atual. A mulher dois F, Força e Feminilidade enfim eles se conheceram.
Veja abaixo esses looks desfilados por grandes nomes da moda, como Naomi Campbell, nossa musa Coco Rocha e Karolina Kurkova entre outras tops:

ZAC POSEN E AS MULHERES MODERNAS_Naomi Campbell_Óculos Gatinho_Cocktail Dress_casamento de dia_floral_Isabelli Fontana
ZAC POSEN E AS MULHERES MODERNAS_Karolina Kurkova_vestido azul_vestido nude_vestido bege_Vestido de casamento_peplum_vestido vermelho

Teve até vestido de noiva. Um lindo exemplo de que bordados e brilho não são sinônimos de beleza. Um vestido super romântico com cara de tradicional, mas com aspecto moderno e limpo que não ficou clichê nem brega:


ZAC POSEN E AS MULHERES MODERNAS_Coco Rocha_vestido de noiva da Coco Rocha_Vestido de noiva de Zac Posen_vestido de noiva_vestido de noia moderno_vestido de noiva sem bordado_vestido nude_vestido bege
ZAC POSEN E AS MULHERES MODERNAS_Desfile com vestido de noiva_Coco Rocha_Naomi Campbell 2012_Zac Posen_Verão 2013_Spring 2013_NYFW

Zac Posen resumiu em minutos de passarela tudo que imagina para uma mulher feminina e moderna. Ela pode ser essas duas em uma só sem perder características de ambos os lados, a beleza adocicada pode ser associada tranquilamente com uma mulher de negócios por exemplo. Por que não? 
Algumas ainda não sabem disso ou ainda presas nos ideais femininos se recusam a aceitar. As 'duronas' ainda se munem de muita calça jeans e tênis para enfrentar o dia a dia. Nada contra as calça jeans, desde quando ela seja uma entre outras opções e não um único item no armário. 
O assunto é complicado, muitas considerações à casos especiais, cabeças diferentes pensam diferente e a única certeza absoluta que prevalece é o respeito. Cada um tem o gosto que merece. Mas qual o problema de se permitir ser mais mulher? Qualquer idealização deve ser descartada, existem várias mulheres dentro de uma só e personalidades distintas entre elas. Como diria Rita Lee "Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda. Meu peito não é de silicone. Sou mais macho que muito homem."

Comente com o Facebook: